sábado, 3 de janeiro de 2009

Yundurá

Yundurá acordou.Não lavou o rosto. Não fez a barba. Não escovou os dentes. Não usou papel higiênico. Não usou sabonete. Não comeu torradas. Não tomou café com leite. Não se despediu da mulher. Não pegou o primeiro ônibus. Não desceu no terceiro ponto. Não chegou atrasado. Não brigou com o patrão. Não bateu o cartão. Não almoçou pão com queijo. Não telefonou. Não bipou. Não deletou. Não entrou numa loja. Não ouviu música. Não comprou mortadela. Não pediu pra fatiar. Não comprou um livro. Não folheou uma revista. Não mexeu com a secretária. Não enviou um fax nem mesmo um e-mail. Não brigou com a mulher. Não repreendeu os filhos. Não bateu o carro. Não escreveu um livro. Não subornou o companheiro. Não jogou lixo na rua. Não brigou no trânsito. Não fez conchavos. Não abraçou o inimigo. Não entrou pra qualquer partido. Não entende de música clássica nem popular ou mesmo sacra. Não votou pra presidente. Não votou pra senador. Desconhece obra-prima. Não tem uma prima chamada Regina, muito menos Madalena, Sílvia ou Isaurinha. Yundurá vive tranquilo em Trobriand - o paraíso perdido - e não quer ser encontrado.

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Quem sou eu

Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.