terça-feira, 13 de janeiro de 2009

ESTUDOS PARTICULARES SOBRE A VONTADE DA CAUSA EFICIENTE

Não quero tomar aqui o sentido estrito de pragmatismo que via de regra é confundido com intencionalidades particulares de interesses, quando não de interesses de grupos também. Sendo verdade, portanto, aquilo que é útil, mas não no sentido geral – mas útil aos esotéricos pragmatistas com seus téloi políticos. Mas queria aqui raciocinar, e não saberia usar uma palavra para substituir a própria palavra pragmatismo, senão pragmatismo mesmo. Então vejamos: será que todo nosso escopo filosófico - e aqui estou falando tão somente da teoria do conhecimento - não teria de per si a vontade de conhecer com uma vontade prática? Uma colher serve para quê? Muitos dirão, talvez, que serve para tomar algum líquido, algum remédio, raspar o tacho de um arroz etc...Ou seja: teria numa relação de respostas numa certa hierarquia culminando até na sua total inutilidade. Mas por que respondemos que a colher serve para essas coisas? Resposta: porque provavelmente tivemos uma relação prática ou de utilidade com ela, como seres cognoscentes do objeto colher. Todavia, se também perguntarmos ao fazedor da colher sobre os téloi da colher, obteremos provavelmente quase que a mesma hierarquia de respostas – obviamente não como arroladas aqui – mas quase numa perfeita conjunção e intersecção entre sujeito, objeto e causa eficiente. Posto que a verdade, nesse sentido, está estabelecida pela sua primeiridade ou ousía primeira. De modo que ter relação de conhecimento com objetos em que a sua causa eficiente está aí para ratificar não seria de todo um problema quanto à obtenção de sua verdade. É mais óbvio ainda que poderíamos nos dispor a elucubrar sobre a colher naquilo que ela tem de especificidade e de sutilezas, sobre a sua forma etc. Mas estaríamos, não obstante ou apesar disso, negando a sua intenção de ser colher. Posto que se trata de uma causa final ou vontade da causa eficiente. Já problemas conceituais e metafísicos como Deus, alma, etc tornar-se-iam um pouco mais difíceis de se resolver. Portanto, dentro desse escopo e dessa lógica, tudo que há, há pela razão da causa suficiente. Mas qual seria a causa eficiente então de Deus? Nesse sentido teríamos, então, que dizer que o problema não só passa pelo sujeito cognoscente nem somente pelo objeto em si, mas pela vontade da causa eficiente de Deus, que nesse caso poderia ser Deus-mesmo e a sua vontade de ser causa, forma, matéria e fim de si mesmo. Posto que quando perguntamos por Deus, como seres cognoscentes, sabemos - mesmo que intuitivamente e seriam nesse sentido vários saberes distintos – por qual Deus perguntamos, senão não perguntaríamos sobre Deus. Ainda, nesse sentido, queremos explanar que o problema deixa de ser um problema dicotômico entre sujeito e objeto, podendo sem dúvida também estar presente em ambos, mas o objeto só terá a verdade em si, e o mesmo ocorrendo com o sujeito, quando tivermos o devido conhecimento da vontade de sua causa eficiente. Ou seja, para resumir, a verdade está na vontade da causa eficiente, podendo estar no objeto e no sujeito também. Já no caso do primeiro motor de Aristóteles, eu diria que a vontade se encerra em si mesma. Mas a pergunta ainda é: se todos tivéssemos um dia o pleno e verdadeiro conhecimento de Deus, será que nesse mesmo dia não O utilizaríamos para as nossas não menos particulares verdades? A verdade que queremos conhecer para melhor usá-la e dela nos atribuirmos? Se, ainda, porém, não temos a verdade primordial, assim vivendo vamos com as nossas particularidades de verdades. Sendo o nosso propósito uma segunda causa eficiente de uma primeira vontade ainda desconhecida. Mas não é por isso que eu chamaria isso de pragmatismo, mas de solução particular e momentânea de um problema, não menos ainda que particular. E sabendo-nos sabedores da verdade-primeira da causa eficiente, quem nos garantiria, também, que não a usaríamos em nossas particulares e secundárias intenções, só para o mero pretexto de nos ajudar a nos justificar em nossos particulares intentos?

WILSON LUQUES COSTA
Sem revisão final.
SÃO PAULO, 31 DE JULHO DE 2007.

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Quem sou eu

Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.