HOMO PLURALIS
‘Logo... logo... estaremos ouvindo um jazz de Derrida ou um bolero de Ricoeur.´
Há muita discussão acerca da técnica – sobre os seus benefícios e malefícios. A filosofia contemporânea é testemunha disso. Se escrever é uma técnica, antes de ser um registro, ou - como querem alguns, uma expansão da memória, o certo é que o Homo pluralis (coetâneo dessas tão variadas formas de técnicas) caracterizou-se pelo pleno domínio das mesmas, querendo se apoderar ou esvaziar também outras formas de possibilidade. O Homo pluralis, de forma sumária, é o epítome desse domínio da técnica, a técnica como destruição exemplar (de apoderamento.) É impossível para o Homo pluralis o não domínio de quaisquer técnicas que sejam. E sob o Homo pluralis, subjaz uma outra categoria, que seria denominada de Homo pluralis artium. O Homo pluralis artium aponta os seus cinco sentidos, e, por que não dizer, o seu sexto sentido - porque está sempre à espreita – para a música, para a poesia, para a pintura e para toda forma de literatura. Onde possa emergir um pensamento, o Homo pluralis artium tenta lançar a sua canga. Não que isso fosse pernicioso em sua tentativa. É de pleno direito do Homo pluralis exercer o seu livre arbítrio. Mas o Homo pluralis, às vezes, ultrapassa os limites de sua capacidade. Porque quanto mais toca, mais pinta; porque quanto mais pinta, mais escreve; porque quanto mais escreve, mais se perde em seu livre arbítrio, tangenciando por vezes um livre arbítrio mais meticuloso. O Homo pluralis parece-se, por vezes, com um rei tântalo afoito, que se livrou das duras algemas dos tártaros, impostas por júpiter, o pai e o soberano dos deuses. Esse rei tântalo liberto e libertino, perdido, agora precisa devorar tudo que se lhe apresenta e o que não se lhe apresenta também. Não lhe apraz o acoitamento reflexivo de um Epimênides cretense. Não, ele quer mostrar as suas artes, os seus manejos: ars artibus tão somente. O Homo pluralis artium assemelha-se mais a um autonarciso, que confunde e se confunde num lago poluído de escrituras e de suportes mal-acondicionados. O Homo pluralis contamina o jardim de adônis de Platão, plantando sementes em demasia. O Homo pluralis distorce o enunciado de amor fati de Nietzsche, ou não compreende deveras. Mas se é na minudência que encontraremos o nosso centro, forçoso será, pois, engendrar um Homo minimus? Será que na minudência que encontraremos o nosso centro, o nosso ponto arquimédico? Será mister, de vez, restabelecer esse velho embate: Homo pluralis versus Homo minimus? Antes de ser um neo-renascentista o Homo pluralis faz morrer toda tentativa de renascimento. Mais uma vez: o Homo pluralis antes confunde do que ilumina. Vivemos na verdade numa era trevas. São Paulo, 01/06/2005.
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
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Quem sou eu
- Wilson Luques Costa
- Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.
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