quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Ouviu um barulho...
Apurou a audição para distinguir o ruído...
O barulho que se tinha reverberado pelo seu sótão, dissipara-se...
Ficou aguardando por mais alguns minutos outros ruídos...
O silêncio habitara de tal forma aquele lugar, que já não tinha mais esperança...
O silêncio era ensurdecedor...
Tal mutismo a incomodava...
O sótão estava emudecido há quatrocentos e trinta e sete anos...
Era insuportável para ela não ouvir nem sequer uma nota musical...
Nem um gorjeio dos pássaros...
E ela que um dia queria tanto o silêncio...
Agora queria ouvir os ruídos dos automóveis, das motos, do concorde, dos motores, dos caminhões, do vizinho que almadiçoara...
No cativeiro, estava condenada a ouvir o próprio grito, que desafinava em ruídos de lamento...
# Publicado em 2001.

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Quem sou eu

Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.