terça-feira, 30 de dezembro de 2008

23/10/2008
O VINGANÇA DO VELHO VETUSTO
Ela era, por assim dizer, bela. Ele era, por assim dizer, velho para ela. Ela era, por assim dizer, uma esposa infiel para ele. Ele era, por assim dizer, tolerante. Muito além da sua tolerância. Ela tinha, por assim dizer, vinte e três anos. Ele tinha, por assim dizer, seus cinquenta e oito ou cinquenta e nove. Ela o traiu até os seus vinte oito anos. Dois meses antes de lhe surgir a primeira celulite, o primeiro foco de casca de laranja, a primeira verruga no nariz adunco, o primeiro pneu tala larga recauchutado. Ele era, por assim dizer, um sessentão de não se jogar fora. Ele tinha agora a sua nova menina: com uns vinte e três ou quase vinte e quatro anos. Um filme rebobinado passava pela sua cabeça. O mundo era mesmo para ele um eterno retorno. Era ele um velho que se reciclava a cada dia, apesar das intempéries.

Nenhum comentário:

Seguidores

Arquivo do blog

Quem sou eu

Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.