terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Cárcere privado
Não suporta mais o calabouço. Vive numa verdadeira masmorra. Encontra-se em total ostracismo desde 1963. Ele jamais esquece a data exata nem o horário. Era uma segunda-feira chuvosa. A luz faltara naquele dia. Foi o pior dia de sua vida. Nem se recorda direito. Contam-lhe que só havia cinco testemunhas. Mas ele nem quer que lhe lembrem. Ele tenta desesperadamente olvidar este fato. Que para ele foi uma verdadeira tragédia. Anda de lá pra cá como um desesperado. Já tentou todas as formas de fuga. É um cárcere de segurança máxima. Muitos de seus companheiros tentaram fugir e não conseguiram. Outros tentaram também, mas se viram malograr nos seus intentos. Mas ele tenta todo dia uma forma (uma artimanha). As janelas são bem seguras. Não há subterrâneos no local. Muito
menos visistas especiais. É o cárcere mais seguro do planeta.
Em vão ele tenta fugir. Todo dia ele tenta e todo dia ele recomeça.
Já pensou em estourar os miolos, mas logo se distrai indo
ao trabalho, assistindo ao futebol, bebendo com os amigos,
paquerando a vizinha, jogando um bilhar, fumando um strike,
lendo os jornais, convidando os amigos, jogando a biriba...

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Quem sou eu

Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.