quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

20/09/2005
DO LIVRO CONTOS DE ARRABALDE / MINHOCÃO - VILA PALESTINA / 2001
Há dias não tomavam banho nem faziam a barba...
As suíças encaracolavam-se e ensebavam-se...
A última refeição tinha sido há dois meses...
As moedas...
Eram as guimbas malfumadas por mais de vinte...
As maçãs do rosto sulcadas pela dor e desespero...
Alguns com o rosto glabro e com as órbitas espantadas...
Cavoucavam bastante...
Varavam a madrugada cavoucando aquela terra árida e farpada...
A sede era incontrolável...
Não havia espelhos...
Os espelhos eram os próprios companheiros que cavoucavam também...
Pensavam que contruiriam uma obra monumental...
Uma grande obra...
Por isso cavoucavam desesperadamente...
A fila era enorme para o banho...
Havia mais de quatro quilômetros de fila...
Todos na fila esperando numa azáfama com os sabonetes nas mãos...
O provérbio diz que o tempo cura todos os males...
Mas está difícil para Isac esquecer daquele banho...

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Quem sou eu

Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.