terça-feira, 30 de dezembro de 2008

05/09/2008
O MENSAGEIRO

Foi o seu primeiro dia de emprego. Sentia-se um lorde. Na entrevista de araque, disse ao patrão que conhecia palmo a palmo a cidade. Foi contratado de imediato como mensageiro. Não foi muito de rasgar cartas nem muito se envolveu com jogos eletrônicos. Quando muito, caminhava seis ou sete quilômetros para conseguir um “carlton light mentolado” tipo “king size”. Fumava em média de dez a vinte cigarros por dia . Nas sextas-feiras, exagerava um pouco. Ele tinha estilo: não gostava de fósforos; gostava de isqueiros mais estilizados ; gostava também de um sobretudo espanhol de seu avô. Às vezes, parava num café e lia trechos de Sartre ou Camus. Nas ruas, andava com um livro marroquim e saía palreando uma língua adâmica, mistura de tupi com não sei o quê. Os tolos lhe chamavam de louco, mas gostava mesmo que lhe chamassem de poeta, o eterno mensageiro.


wilson luques costa
spaulo.04.11.2001

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Quem sou eu

Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.