terça-feira, 7 de setembro de 2010

O CIRCO E AS NOSSAS FANTASIAS

Ontem, fui ao circo com a minha esposa, os meus cunhados e os meus sobrinhos. É evidente que temos aquela coisa felliniana em nós -- e compará-lo, o circo atual, à minha fantasia felliniana seria um nonsense. O circo é uma magia. O circo, não obstante a modernidade ou a pós-modernidade, ainda resiste com seus funâmbulos, com seus clowns nem sempre tão engraçados, mas que nos fazem rir, porque sentimos a obrigação de rir num circo ou de um palhaço, mesmo que as pantomimas não justifiquem um riso de gioconda. Percebi alguma mudanças, talvez pela inserção do fator segurança: as cadeiras são de plásticos e perfiladas, portanto não há mais as arquibancadas; o globo da morte fica afastado, talvez uma prestigitação no escopo de evitar uma agucidade de nosso olhar mais atento. A equilibrista equilibra-se de modo estorvado e inseguro --, não há mais leões famintos nem onças ou quaisquer outros animais, muito menos o elefante elefante; a pipoca e o algodão doce estão o olho da cara, uma espécie de mcdonaldização. Mas o lúdico ainda permanece, notadamente para o olhar pueril de meus sobrinhos, ou para o meu olhar tão pueril ainda. A foto com pouca luminosidade e desfocada torna o nosso circo de periferia um cirque de soleil. E nós retornamos como se tivéssemos dado uma volta pela nossa infânica -- e o nosso sonho amplia-se na medida em que nos projetamos além da realidade. E quem de nós que ainda vivemos e sonhamos aquela criança ousaria em dizer o contrário? Quem?

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Quem sou eu

Nascido na cidade de São Paulo em 15 de fevereiro de 1960. Formado em Jornalismo (UMC/1983). Professor titular do ensino médio da disciplina de filosofia. Pós-Graduado, em nível de Especialização, em Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes pelo Instituto de Psicologia (USP /2001). Entre os anos de 1999 a 2005, fez extensão universitária dos instrumentais de grego, latim e alemão, cursando também mestrado (sem concluir) em educação e filosofia. Autor de dois livros na literatura, do Ensaio Paradoxo do Zero (Fundação Biblioteca Nacional/2003) e do conceito filosófico O Princípio da Identidade Negativa. É verbete nos livros O Céu Aberto na Terra, Sobre Caminhantes, A vocação Nacional da UBE: 62 ANOS, Revista de arte e literatura Coyote.